Mesmo com glicemia controlada, pacientes com diabetes apresentam risco elevado de infarto, AVC e insuficiência cardíaca, reforçando a importância da prevenção e do acompanhamento cardíaco contínuo.
O tratamento com pacientes diabéticos vai muito além do controle da glicemia. Estudos como o Copenhagen City Heart Study, demonstram que a doença está associada a complicações graves, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. De acordo com o cardiologista Bruno Bandeira, membro da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro, a condição anda de mãos dadas com pressão elevada e colesterol alto, o que aumenta o risco de eventos cardiovasculares severos.
A Federação Internacional de Diabetes, aponta no Atlas Global do Diabetes, edição de 2025, que 589 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos vivem atualmente com a doença no mundo. O Brasil aparece em sexto lugar no ranking global, com mais de 16 milhões de casos, uma alta de quase 6% em apenas quatro anos. Especialistas alertam que, além do impacto direto na saúde da população, o avanço do diabetes representa um desafio crescente para os sistemas de saúde pública e privada.
Além disso, as complicações cardiovasculares podem aparecer mesmo em pacientes que acreditam estar com a glicemia sob controle. Isso reforça a importância de uma abordagem ampliada, que não se limite ao monitoramento da glicose, mas inclua estratégias para identificar de forma precoce os sinais de risco cardíaco e vascular.
O papel da prevenção e do diagnóstico precoce
Os exames laboratoriais regulares, acompanhamento da pressão arterial, do perfil lipídico e a avaliação de histórico familiar são passos básicos. No entanto, tecnologias de monitoramento também ganham espaço, como o eletrocardiógrafo, que registra a atividade elétrica do coração em 12 derivações simultâneas, permitindo diagnósticos mais completos e precisos. Com interface intuitiva e recursos avançados de análise, ele auxilia na detecção de arritmias e outras alterações cardíacas que muitas vezes não aparecem em exames rápidos.
Mais um ponto fundamental é a educação em saúde. Muitos pacientes só descobrem que têm diabetes após uma complicação cardiovascular, o que reforça a importância de campanhas de conscientização e mais integração entre os níveis de atenção primária e especializada.
Novas terapias e perspectivas de tratamento
Nos últimos anos, avanços no tratamento do diabetes mudaram como os médicos lidam com o risco cardiovascular. Novas classes de medicamentos, como os inibidores de SGLT2 e os agonistas do GLP1, não apenas ajudam a controlar a glicemia, mas também oferecem proteção adicional ao coração e aos rins.
Os medicamentos, já disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) para determinados perfis de pacientes, representam uma nova fase. Estudos clínicos publicados na Heart Failure Reviews, comprovam que reduzem a ocorrência de infartos, hospitalizações por insuficiência cardíaca e até mesmo o risco de progressão para doença renal crônica.
Algumas dessas terapias contribuem para o controle do peso, outro fator diretamente ligado ao risco cardiovascular. A medicina caminha, portanto, para oferecer soluções mais completas e eficientes. Uma aprovação recente de uma insulina semanal, por exemplo, reflete o quanto a inovação está voltada não apenas ao controle glicêmico, mas também à melhoria da adesão terapêutica e ao bem-estar do paciente.
Desafio de saúde pública e responsabilidade coletiva
Apesar dos avanços, o diabetes continua sendo um dos maiores desafios da saúde pública mundial. A Federação Internacional de Diabetes estima que uma pessoa morre a cada sete segundos no mundo por complicações relacionadas à doença. Essa realidade evidencia a necessidade de políticas públicas mais robustas para ampliar o acesso a exames, medicamentos e acompanhamento especializado.
Pacientes, médicos, gestores de saúde e a sociedade em geral precisam compreender que cuidar do coração é parte indissociável do acompanhamento do diabetes. O conjunto entre prevenção, diagnóstico precoce, inovação terapêutica e educação é o caminho mais seguro para reduzir os impactos dessa doença crônica que, embora não tenha cura, pode ser controlada.